FERRAMENTAS NECESSÁRIAS PARA A INTERPRETAÇÃO BÍBLICA
As Escrituras são um paradoxo, ao mesmo tempo são simples e de fácil acesso ao homem de pouca cultura e de complexidade e profundidade que já valeram teses de doutorado.
Como em toda arte e ciência humana existem ferramentas, assim, se dá com o estudo da Bíblia Sagrada. Muito da confusão existente em nossos dias é que as ferramentas são desconhecidas ou mal empregadas, cabe então ao estudante sincero da Bíblia se precaver e aprofundar o seu estudo pessoal utilizando as seguintes ferramentas.
Use a Bíblia que contiver o texto mais fidedigno na língua original.
Para o Tanack/Biblia Hebraica deve ser a terceira edição de R. Kittel – Bíblia Hebraica, 1937. Para a B’rit Hadashah/Novo Testamento a 25ª. Edição do Novo Testamento Grego de Nestle – Aland – 1963; é o melhor por causa do seu completo Aparato Crítico. The Greek New Testament, editado por Aland, Black, Metzger e Vikgren tem melhor tipo e texto, mas seu aparato não é tão completo.
Os que não podem ler a Bíblia no original deviam usar uma tradução fiel.
Escolhido o texto é necessário saber exatamente o que ele diz. Para isto são necessárias três espécies de ferramentas:
A – Dicionários.
Para a Bíblia Hebraica um clássico em inglês é: Um Conciso Léxico Hebraico e Aramaico do Velho Testamento de William Holaday (Grand Rapids: Eerdmans, 1971).
Este livro é indicado para capacitar iniciantes no estudo do idioma original da Bíblia Hebraica. Seu método proporciona aprendizado consistente dos termos essenciais à boa compreensão do texto bíblico por meio de exercícios de gramática e tradução textual, quadros-resumos para a compreensão de tópicos, tabela de memorização e vocabulário por ordem de ocorrência no texto bíblico original.
Antes de tudo, esta publicação não tem a intenção de discutir ou mesmo de apresentar os pormenores da gramática hebraica, o que, embora necessário, às vezes se torna enfadonho.
O objetivo de Gramática instrumental do hebraico é destacar as questões principais do hebraico bíblico. O estudante também será orientando a manusear com maestria os instrumentos atualmente disponíveis para que os textos do Antigo Testamento possam ser traduzidos com relativa facilidade. “Praticidade” é a palavra-chave.
Um clássico, agora para a B’rit Hadasha/Novo Testamento é: Léxico Grego – Inglês do Novo Testamento de Walter Bauer (Universidade de Chicago, 1957), traduzido e adaptado para o inglês por Arndt and Gingrich.
Há também “O Dicionário Bíblico Wycliffe” que proporciona uma vasta rede de informações sobre nomes e lugares mencionados na Bíblia bem como aspectos doutrinários, históricos, e pontos importantes do cenário bíblico. Artigos são escritos por mais de 200 líderes conservadores, estudiosos evangélicos.
– Um abrangente dicionário bíblico disponível para estudantes, eruditos e leigos.
– Cobertura extensiva é dada aos tópicos principais e os colaboradores são apontados ao final de cada artigos.
– Muitos tópicos incluem bibliografia para pesquisa adicional.
– Mais de 900 fotos, mapas, gráficos e esboços ilustram o texto.
O conceituado Dicionário Grego-Português, importante recurso do Novo Testamento Grego, acaba de ganhar uma edição independente. Todo o léxico do Novo Testamento Grego, que passa dos 6.400 verbetes, está incluído, tornando a publicação completa e, ao mesmo tempo, concisa.
Estão listados, ainda, muitos termos que aparecem somente como variantes textuais, expressões e locuções. Os termos em grego são apresentados com seus respectivos significados em português, acompanhados de referências bíblicas.
O dicionário foi preparado por Vilson Scholz, consultor de Tradução da SBB, a partir dos dicionários grego-inglês de Barclay M. Newman e Louw-Nida.Sobre Vilson Scholz: Pastor e professor de Teologia Exegética, tem mestrado e doutorado na área do Novo Testamento.
Consultor de Tradução da Sociedade Bíblica do Brasil, é professor da Universidade Luterana do Brasil, em Canoas (RS). É tradutor do Novo Testamento Interlinear Grego-Português (SBB) e autor de Princípios de Interpretação Bíblica (Editora da Ulbra).
B – Gramáticas
A melhor do hebraico é a de Gesenius.
Apresentar esta obra de Waltke e O’Connor na sua tradução para a língua portuguesa é uma honra imensa. Quando a indiquei para tradução e os trabalhos foram iniciados, não tinha ideia de quanto tempo e esforço seriam necessários até que pudéssemos tê-la entregue ao estudioso na língua hebraica no Brasil. Não se trata da tradução de um livro simples, mas de uma obra que,
além de volumosa, apresenta complexidades nas relações internas com vários índices fundamentais ao seu bom uso.
A necessidade desta obra específica em língua portuguesa é incontestável. Os estudos da língua hebraica no Brasil andam por lentos e tortuosos caminhos. Há poucas décadas haviam apenas as mais básicas gramáticas de hebraico disponível para nossos estudantes. Houve, naturalmente, um desenvolvimento na área, e nos últimos anos encontramos várias novas gramáticas publicadas em língua portuguesa, pelo que damos graças a Deus. Há menos de dez anos que o primeiro dicionário Hebraico-Português de porte razoável tomou seu lugar em nossas bibliotecas. Essas publicações, básicas para o estudo da língua hebraica, encontram agora o suporte de uma obra de grande peso,que tornou-se um manual de referência ao redor de todo o mundo, ainda que os próprios autores reconheçam os limites da mesma quanto às discussões de exceções, e dai a necessidade de outras obras clássicas como Gesenius, Kautzsche ou Jüon-Muraoka, que esperam os seja um dia traduzida para o português. Até então, nenhuma obra do porte de Waltkee O’Connor foi publicada em nosso Vernáculo para o estudante do hebraico.
A introdução à sintaxe de hebraico bíblico é normalmente descrita como uma gramática intermediária. Para o estudante dedicado a língua, seu uso torna-se possível a partir do segundo ano de estudo e acrescenta informações fundamenteis na construção da compreensão da língua. As qualidades didáticas da obra são inúmeras. Entre elas, destacamos o próprio uso da linguagem. Os autores se esmeram em explicar a terminologia usada, tanto no texto quanto nas notas de rodapé, permitindo ao estudante noviço uma leitura mais fácil.
Para a B’rit Hadashah/Novo Testamento as melhores gramáticas são as de Blass, Moulton e Robertson.
Depois de determinado o que o texto registra, é preciso ir além e investigar mais precisamente a significação teológica de certas palavras. Outro clássico para este estudo no grego é o Dicionário Teológico do Novo Testamento, editado por Kittel e Friedrich. São dez alentados volumes de mais ou menos mil páginas cada um, obra traduzida do alemão para o inglês.
C – Comentários
O próximo passo é uma pesquisa conscienciosa do contexto para que não haja afirmações que se oponham ao que o autor queria dizer ou distorções daquilo que ele disse.
Para entender e aplicar bem a Bíblia, duas fontes de informação são fundamentais: a própria Bíblia e a compreensão apropriada do ambiente cultural da passagem que você está lendo. Somente depois de conhecer o contexto cultural da passagem em questão é que você entenderá os interesses e o propósito originais do autor. Esta obra apresenta, versículo por versículo, o embasamento necessário para um estudo bíblico responsável e mais rico. Seu autor, um dos principais estudiosos neotestamentários das culturas judaica, grega e romana, oferece informações atualizadas nesta que é uma obra modelar de consulta em sua área. Este recurso indispensável será proveitoso para: pastores, na preparação de sermões; professores em geral e de escola dominical, na preparação de lições e estudos; missionários que desejam ler a Bíblia sem o viés da própria cultura; universitários e seminaristas, na elaboração de seus trabalhos; leitores leigos da Bíblia que desejam aprofundar e aprimorar o seu estudo. Alicerçado sobre o fruto de trinta anos de estudo aprofundado, esta obra apresenta os antecedentes históricos, sociais e religiosos de todo o Novo Testamento. Também inclui um glossário de termos culturais e personagens históricas importantes, além de mapas e tabelas, bibliografia atualizada e ensaios introdutórios sobre o ambiente histórico-cultural por trás de cada livro do Novo Testamento. Publicada anteriormente sob o título Comentário bíblico Atos: Novo Testamento (primeira edição).
O Comentário Judaico do Novo Testamento, de forma empolgante e reveladora, oferece aos estudiosos da Bíblia uma nova visão da cultura, teologia, história e geografia – nesta obra tão bem escrita que já está destinada a ser tornar um clássico – gastou décadas estudando a língua do Novo Testamento para criar este volume tão inspirador.
O Novo Testamento foi escrito dentro da cultura judaica, e por judeus, Jesus era judeu.
Então, para entender de forma mais profunda o Novo Testamento, nada melhor do que explanado por um judeu.
• Descubra as raízes judaicas da sua fé cristã. Com esta obra tão singular, você entenderá as difíceis passagens do Novo Testamento, compreenderá melhor o Salvador Jesus/Yeshua e sua experiência pessoal com Deus crescerá profundamente.
• Passagens do Novo Testamento e suas expressões idiomáticas são explicadas no seu contexto cultural original, como queriam que fossem os escritores bíblicos do século I.
• No Comentário Judaico do Novo Testamento , nomes e termos-chaves são devolvidos ao seu hebraico original e apresentados em transliterações de fácil compreensão, permitindo os leitores pronunciá-los da mesma maneira que Yeshua os pronunciava.
Após esta pesquisa é necessário considerar cuidadosamente a teologia, o estilo, o propósito e o objetivo do autor. Para este mister as obras mais necessárias são: concordâncias, introduções e livros teológicos. Em inglês há duas excelentes concordâncias: a de Young e a de Strong. Em português temos a Concordância Bíblica, publicação da Sociedade Bíblica do Brasil, 1975. Dá-nos a impressão de uma obra de mérito e respeitável sob todos os aspectos. A Introdução do Velho Testamento de R. K. Harrison é a mais conservadora.
Muito úteis para nosso propósito são os estudos teológicos que tratam com o livro especifico do qual estamos fazendo a exegese. Infelizmente há poucas obras teológicas conservadoras.
O próximo passo em exegese é a familiarização com o “background” bíblico, ou seja o conhecimento geográfico, histórico, os hábitos e práticas podem iluminar nossa compreensão sobre o texto. Para tal propósito são necessários atlas, livros arqueológicos, histórias e dicionários bíblicos. Dicionários da Bíblia são muito úteis para rápidas informações sobre um assunto, identificação de nomes de pessoas, lugares ou coisas. O melhor dicionário da Bíblia é: The Interpreter’s Dictionary of the Bible, em quatro volumes.
E para encerrarmos nossas indicações quero lhes falar de um livro muito interessante de profundo conhecimento para homens e mulheres que buscam entender a Bíblia, porque afinal de contas o interesse bíblico não é um fim em si mesmo, mas um caminho para a emuná, a fé bíblica.
DEUS EXISTE OU SERIA A FÉ RELIGIOSA APENAS UM DELÍRIO UNIVERSAL?
Em O ceticismo da fé, o teólogo e arqueólogo Rodrigo Silva traz um estudo profundo sobre a “existência” de Deus. O objetivo primário desta obra, entretanto, não é um convencimento sobre Deus, mas acompanhar crentes e descrentes nessa jornada sem-fim inerente a todo ser humano em busca da “verdade”. Pois a fé comporta, sim, muitas dúvidas. René Descartes que o diga. Mesmo não sendo teólogo, nem pretendendo produzir uma declaração de fé religiosa, ele ajudou Rodrigo Silva a ter um
dos mais brilhantes insights confessionais: “o homem deve desconfiar de tudo para poder acreditar em alguma coisa”.
Não se pretende aqui enganar o leitor ou insultar sua inteligência, nem apresentar qualquer soberba confessional. Rodrigo Silva é crente, sim, mas a inspiração para este trabalho veio justamente de sua descrença. E apesar das respostas que encontrou nesses quase trinta anos de estudo, o autor não foge de algumas questões polêmicas e provocadoras que envolvem Deus, como “Por que ele se esconde?”, “Por que um Deus de amor matou e mandou matar tanta gente no Antigo Testamento?” e “Onde ele
estava durante o massacre de Auschwitz?”.
Este livro convida o leitor, seja o ateu ou o religioso mais convicto, a questionar, a pensar, a se comprometer sinceramente com a dúvida, a fim de que a sua sistematização o conduza a grandes certezas
Adaptado e atualizado de Pedro Apolinário por Herança Judaica.
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